Sinto saudades de John Cena

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Caro leitor, primeiramente gostaria de avisar que este texto não é apenas para lamentar a ausência do nosso maior herói.

Esse é um resumo dos meus sentimentos em relação à criação de um personagem, sua importância dentro e fora dos ringues e como ele se torna inesquecível.

Mas, para isso precisarei falar um pouco sobre a minha relação com John Cena.

Estão prontos?

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Nos primeiros minutos em que assisti WWE na minha vida, lá estava John Cena.

Num primeiro momento achei que ele era um cara mau. Como não achar? Ele era um homem gigante de bermuda batendo em outro homem, que aparentava ter entre 40 e 50 anos. Além disso, o adversário de Cena se mostrava um lutador sendo castigado e tentando superar.

Depois eu fui entender porque e como Shawn Michaels fazia aquilo. E ele entrou no meu hall de grandes wrestlers automaticamente depois disso.

No entanto, minha visão de John Cena mudou no Royal Rumble de 2008. Quando ele apareceu, todos gritavam e celebravam – inclusive Jim Ross, que ainda estava em boa forma nos comentários.

Cena retornou muito antes do esperado e venceu o Royal Rumble de 2008. O homem, meus amigos, era uma máquina a serviço do entretenimento.

Ademais, sua camisa com uma estampa do em 8-bit – que utilizou no RAW seguinte ao evento – me encantou. Aprendi ali que ele era o cara legal do sistema.

Só voltei a assistir Wrestling em 2010. Naquela época, odiar John Cena era pré-requisito para ser um fã adolescente de Luta Livre. Tudo que ele fazia representava a pior fase do esporte até ali, mesmo que a culpa fosse exclusivamente dos roteiristas.

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Let’s go Cena! – gritavam as crianças e seus familiares eufóricos. Cena sucks! – respondiam os homens adolescentes e mais crescidos.

O conflito de gerações – e também de gêneros – marcou o início da década. Mas Cena sempre esteve ali, adorado ou odiado, com índices razoáveis de audiência e protagonizando os eventos da empresa por quase 10 anos seguidos.

Em 2012 e 2013, a rivalidade com The Rock marcou uma nova fase para o nosso herói.

De certa forma, parecia que ele nunca tinha enfrentado um lutador que pudesse colocá-lo no hall dos gigantes. Dwayne Johnson foi esse cara. Ele saiu da aposentadoria, lutou com Cena por 2 anos seguidos e o deu as chaves para a imortalidade.

Dali para frente, John Cena não era apenas o herói chato para as crianças. Ele era um lutador bom o suficiente par derrotar os ídolos dos adultos e mostrar que ele era o maior do momento – e deste século, provavelmente.

O exemplo perfeito de história desenvolvida em longo prazo.

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Foram quase 15 anos ininterruptos como lutador. Desses, quase 10 atuando como protagonista. Em muitos deles criticado, mas insubstituível.

A WWE entrou em uma grande zona de conforto com John Cena.

Sem competidores à altura da empresa, a WWE não precisou fazer mais que o básico nas últimas duas décadas. E John Cena, como o top guy clássico da Luta Livre, nada mais era preciso para segurar a audiência dos seus programas televisivos.

A década de 10, no entanto, gerou uma revolução na maneira de pensar a Luta Livre. Promotores querem que o esporte seja grande novamente, e investiram pesado para tal.

O Wrestling dobrou a aposta e os fãs compraram essa ideia.

E John Cena decidiu se retirar.

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Hoje, John Cena é o significado de evolução pessoal e profissional.

Assim como Dwayne Johnson, Cena viu em Hollywood uma grande oportunidade. Lá, ele pode ganhar mais e trabalhar bem menos do que como lutador, além de correr um menor risco de lesões e, é claro, ter um alcance midiático maior.

Depois de anos servindo de escudo para a falta de criatividade da WWE, ele precisou descansar. Hoje, aparece cada vez menos.

E fez isso sem alarde, apenas foi nos deixando aos poucos.

No entanto, a WWE não conseguiu tapar o enorme buraco que Cena deixou nos nossos corações. Tentou com Daniel Bryan, que se machucou e teve que se retirar por um tempo também.

Roman Reigns apareceu depois como favorito. Mas a WWE decidiu fazer o que mais gosta: antecipar emoções para garantir seu futuro. E realmente antecipou, colocando Reigns em uma posição de ódio antes mesmo que o adorassem. Apenas após um drama pessoal Reigns conseguiu uma relação positiva com a plateia.

Mas nada que se compare à relação entre John Cena e a crowd.

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Depois dele, nenhum lutador conseguiu chegar ao mesmo ponto de emoções – o que já foi comum um dia.

John Cena parece ser o último ás da Luta Livre. Ou pelo menos da WWE.

Sem ele, toda a falta de roteiro e os problemas que elas acarretam vieram a tona. Com ele também, mas seu personagem conseguia contornar.

Por ser o que era, Cena conseguia ter todo ódio canalizado em sua persona. If Cena wins, we riot! – já disseram espectadores em suas lutas.

E ele vencia e vencia a cada semana. Toda segunda feira, pelo menos 30 minutos dos shows eram dedicados à ele.

16 títulos mundiais porque era preciso colocá-lo com a cinta.

Insubstituível, porque ninguém consegue odiar e adorar tanto um lutador da nova era da WWE a ponto de precisar que ele esteja ali. As sujeiras e falta de criatividade da companha parecem mais expostas sem a presença dele.

Eu sinto saudades de John Cena.

Todas as imagens tem os direitos reservados à © WWE.

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